Trabalhando com um roteiro baseado em peça teatral de sua
própria autoria, o diretor Israël Horovitz até insinua algo de uma abordagem
diferenciada em “Minha querida dama” (2014). Há uma certa sobriedade na
condução da narrativa, o roteiro apresenta algumas sutilezas na caracterização
de personagens e situações, o elenco demonstra refinamento em suas composições
dramáticas (nesse sentido, é reconfortante ver Kevin Kline demonstrado mais
vigor em sua interpretação depois de sua atuação sonambula em “Ricki and The
Flash”). Com o desenrolar da trama, entretanto, essa boa impressão acaba se
esvanecendo. A sensação é de que o cenário principal da história, um grande,
antigo e bolorento prédio residencial, parece contaminar a narrativa da produção,
que se converte num mofado e previsível acúmulo de clichês formais e temáticos.
O roteiro até evoca dilemas e conflitos que poderiam render algo de mais ousado
em suas soluções, mas Horovitz encaminha tudo para resoluções sem brilho e
acomodadas. Sua encenação é amorfa e engessada, com a mão pesada do cineasta
fazendo com que a dinâmica mais pareça de um novelão de época das seis da tarde
(é só notar que as insinuações de incesto são prontamente esclarecidas para não
chocar as plateias).
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