sexta-feira, outubro 09, 2015

O mundo em duas voltas, de David Schürmann *1/2

A premissa de trama do documentário “O mundo em duas voltas” (2006) é até interessante – estabelecer uma relação entre uma viagem de volta ao mundo realizada por uma família brasileira e a mesma trajetória realizada de forma pioneira por Fernão de Magalhães e suas naus em 1519. Para isso, a narrativa entrecruza registros da viagem contemporânea com uma recriação gráfica, quase uma HQ, da primeira jornada. O fato de um membro da família viajante ser o diretor do filme, entretanto, acaba sendo determinante para que a obra em questão seja bem frustrante. É claro que alguns sequencias são bem interessantes ao captar a beleza natural dos diversos pontos ao redor do mundo em que o barco dos Schürmann aportam e também em alguns momentos ao registrar as dificuldades inerentes a uma aventura como essa, além do grafismo da recriação da viagem de Magalhães ter um belo traço. Mas o que predomina mais ao longo da narrativa é um tom asséptico e edificante, beirando o vídeo institucional – não há conflito e dilemas nas histórias que envolvem os Schürmann, tirando dessa forma qualquer possibilidade de uma tensão dramática mais efetiva. Do jeito que ficou esse tratamento formal e temático despersonalizado, a produção mais parece um anódino diário de férias de uma típica e fotogênica família branca classe média alta, com direito a paisagens e costumes exóticos, do que o retrato de uma aventura perigosa. De repente daria para ser tema de um Fantástico ou Globo Repórter da vida, mas como experiência cinematográfica é perfeitamente esquecível.

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