Há filme que ganham destaque na
mídia, indicações e prêmios em festivais importantes e reconhecimento da
crítica muito mais pelo contexto histórico político-social em que são lançados
do que pelos seus méritos artísticos em si. “Timbuktu” (2014) é um exemplar
claro dessa tendência. No mundo atual, em que conflitos religiosos dominam boa
parte do globo, esse longa da Mauritânia acaba ressoando de forma mais ampla,
ao ter como trama principal o cotidiano de uma família de nômades pastores que
é abalado pela opressão e desmando do grupo fundamentalista religioso que
domina a região onde moram. A direção de Abderrahmane Sissako é apenas correta –
direção de fotografia e edição apresentam competência, gerando uma narrativa
fácil de acompanhar, mas que não necessariamente é envolvente. O espectador
pode até se comover com as injustiças e
tragédias que permeiam a trama, mas não há alguma tensão mais efetiva e nem
algum rasgo estético que salte aos olhos. Dentro da atual conjuntura, o filme é
uma experiência válida pelo caráter informativo de sua temática, chamando
atenção para o momento histórico conturbado pelo qual atravessa um número
considerável de países asiáticos e africanos tomados pelo fanatismo místico. Em
termos puramente cinematográficos, entretanto, “Timbuktu” é uma produção
descartável e de criatividade anêmica.
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