segunda-feira, fevereiro 20, 2017

Redemoinho, de José Luiz Villamarin **1/2

A estrutura narrativa da produção brasileira “Redemoinho” (2016) é similar àquela do filme norte-americano “Manchester à beira-mar” (2016), em que a trama que se desenrola no tempo presente, que tem por mote principal a sensação obscura de mal-estar existencial de alguns personagens, é entremeada por trechos do passado que ajudam a explicar o desconforto emocional de tais indivíduos. O que explica então que a obra de Kenneth Lonergan tenha um resultado final mais cativante do que o trabalho de José Luiz Villamarin? A resposta não é tão difícil – falta para a referida produção nacional uma encenação mais sutil e e uma mão menos pesada na direção. Predomina ainda uma incômoda atmosfera solene, faltando um certo traquejo irônico nessa abordagem. Ainda que o roteiro estabeleça alguns conflitos interessantes na história, buscando até um paralelo entre as questões intimistas com as temáticas do conflito de classes na sociedade brasileira e os preconceitos morais típicos de uma ordem patriarcal, as soluções dramáticas que aponta são delineadas de maneira óbvia e por vezes até simplista. O que garante algum interesse para o filme é a fotografia acima da média de Walter Carvalho e algumas boas atuações do elenco, principalmente por parte de Irandhir Santos e Júlio Andrade nos papéis dos protagonistas.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Desde já um dos melhores filmes brasileiros desse início de ano