O comediante norte-americano Chris Farley teve uma carreira
fulminante – sua morte precoce por overdose deixou a forte impressão de um
talento que poderia ter ido bem mais longe. Aliás, vale lembrar que a
sensacional performance de Jack Black em “Trovão tropical” (2008) é fortemente
inspirada na vida e arte de Farley. Vendo o documentário biográfico “I am Chris
Farley” (2015), dá para pensar que o ator e comediante foi uma espécie de John
Belushi que não encontrou o seu John Landis. Sua trajetória no Saturday Night
Live foi marcada por números inesquecíveis, que evidenciavam características
muito peculiares em seu humor bufão de estranhas nuances. Essa sua capacidade
para a comédia alucinada, entretanto, não foi aproveitada em todas as suas
possibilidades criativas nos filmes que Farley participou. O mérito da produção
dirigida por Brent Hodge e Derik Murray está no resgaste desse período de ouro
de Farley na televisão norte-americana, época essa em que o artista deu algumas
das mostras mais contundentes do seu talento e que provavelmente é desconhecida
da maioria do público fora dos Estados Unidos. Por outro lado, o tom
excessivamente jornalístico do filme torna a narrativa por vezes preguiçosa e
enfadonha, estando bem distante do espírito anárquico da arte de seu
protagonista. No final das contas, o documentário vale muito mais pelo
interesse histórico e cultural do que propriamente por seus méritos formais.
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