O título de grande referência cult
cinematográfica que se atribui à “Donnie Darko” (2001) tem algo de exagerado.
No cômputo geral, o filme dirigido por Richard Kelly é uma espécie de colcha de
retalhos de influências das principais vertentes estéticas e temáticas do
cinema independente norte-americano das últimas décadas. Estão lá a crítica
entre o agridoce e o sarcástico aos valores do american way of life das
principais obras de Sofia Coppola, o formalismo bizarro dos clássicos de Tim
Burton, as ambientações delirantes características de David Lynch. Isso sem
falar da esperta trilha sonora recheada de marcantes canções oitentistas pop e
rock. Falta para esse trabalho de estreia na direção de Kelly uma pegada
artística/narrativa mais ousada – as aparentes esquisitices que pairam sobre a
encenação e roteiro aos poucos se formatam de maneira “redonda” demais,
esvanecendo bastante do clima de mistério e estranhamento que predomina na
metade inicial do filme. Ainda assim, “Donnie Darko” é uma obra que tem o seu
lado cativante, principalmente em termos de caracterização de personagens e
situações da trama. Mesmo que não seja especialmente original como um todo, a
fluência da narrativa e algumas soluções visuais sardônicas (destaque para
aquele coelho gigante escroto) oferecem para o longa alguns momentos
memoráveis.
Um comentário:
Gostei mais do roteiro depois que li algumas teorias: http://www.donniedarko.org.uk/explanation/
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