sexta-feira, agosto 17, 2018

A festa, de Sally Potter **1/2


O tipo de proposta temática/narrativa de “A festa” (2017) não chega a ser exatamente uma novidade, mas de vez em quando costuma render alguma coisa de interessante: no ambiente fechado de uma pequena reunião social, revelações e outras situações-limites levam os personagens a exporem seus segredos sórdidos, preconceitos e hipocrisias, fazendo com que a linha entre a civilidade e a selvageria se mostre muito tênue. No caso do filme de Sally Potter, há também a preocupação em expor alguns dos principais dilemas e conflitos da sociedade contemporânea (feminismo, machismo, arrivismo sócio-econômico, alienação, famílias disfuncionais). Vale mencionar ainda que a diretora contou em sua produção com um elenco de nomes expressivos no panorama cinematográfico atual. O resultado final de sua obra, entretanto, é frustrante. Culpa de uma certa mão pesada de Potter na condução de sua narrativa. A encenação se mostra emperrada por uma verborragia excessiva, as atuações se perdem em caracterizações caricaturais e o roteiro fica indeciso entre evocar alguma densidade psicológica ou privilegiar um tom anedótico. Por vezes, “A festa” até insinua um tom mais perturbador na forma com as frustrações e desejos dos personagens são expostos em cena, mas no final das contas isso apenas serve para mostrar que o filme poderia ter sido bem melhor. Aliás, faz até imaginar o que um artista como Roman Polanski, por exemplo, mestre nesse tipo de trama, poderia ter extraído de tais elementos narrativos.

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