quinta-feira, agosto 30, 2018

Perfeitos desconhecidos, de Álex de la Iglesia ***


Os filmes mais recentes do diretor espanhol Álex de la Iglesia estão bem distantes daquilo de melhor que ele já realizou em sua carreira. Ele se limita a fazer reciclagens divertidas de seu próprio estilo (“A grande noite”) ou lançar obras despersonalizadas e irrelevantes (“O bar”). “Perfeitos desconhecidos” (2017) se enquadra no primeiro caso. Há aquela sua habitual propensão para a comédia bizarra e grotesca e que acaba rendendo alguns dos melhores momentos do longa. As atuações caricaturais do elenco e algumas atmosferas mais delirantes também reforçam esse lado autoral, tirando a obra do lugar comum. Ainda assim, para quem já conhece o melhor de sua filmografia, fica aquela constante impressão de que Iglesia já fez bem melhor que isso. O que joga contra a produção é um roteiro marcado por algumas obviedades incômodas (uma premissa de um jantar entre amigos em que se acaba lavando muito roupa suja é um recurso deveras manjado), além de soluções narrativas convencionais em excesso que tiram muito daquele impacto que as ambíguas sínteses cômicas/dramáticas costumavam despertar no espectador naqueles trabalhos mais memoráveis de Iglesia. Entre acertos e equívocos. “Perfeitos desconhecidos” pode estar longe de ser considerado uma obra marcante no currículo do cineasta, mas acaba sendo uma boa diversão.

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