Pelo menos em suas intenções artísticas, “Dores de amores”
(2012) poderia sugerir algo de promissor. A narrativa procura uma síntese entre
o realismo e atmosferas estilizadas/delirantes, o roteiro investe em um viés
crítico e irônico sobre as relações amorosas/sexuais, o elenco traz alguns dos
nomes mais expressivos do cinema brasileiro dos últimos anos. O problema do
filme dirigido por Raphael Vieira é que a junção disso tudo não dá liga. A
encenação é over é afetada, descambando com frequência para um incômodo tom de
empostação teatral. E mesmo as situações de suposta ousadia da trama se perdem
em soluções óbvias e simplórias. Além disso, alguns detalhes pictóricos como a
inserção de cenários grafitados soam como meros adereços imagéticos, não tendo
uma efetiva ligação com a narrativa. Ou seja, as altas pretensões
estéticas/temáticas da produção ficaram bem longe de se concretizar diante de
uma execução tão equivocada.
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