quarta-feira, fevereiro 27, 2019

Guerra fria, de Pawel Pawlikowski ***


Os primeiros 20 minutos de “Guerra fria” (2018) são bem interessantes e fazem valer o ingresso para ver o filme: na Polônia do início da década de 50, dois musicistas percorrem o interior do país registrando cantos folclóricos, selecionando jovens cantores e dançarinos e por fim montando espetáculos tendo por base o cancioneiro que colheram. A fotografia e a narrativa que evocam um certo tom documental, a beleza bruta da música e a ótima fotografia compõem um todo sedutor. Depois, o filme se converte em um melodrama romântico previsível e beirando o banal, além de trazer uma abordagem muito estereotipada e conservadora dos conflitos políticos e ideológicos da época. De qualquer forma, a plasticidade extrema conferida pelo diretor Pawel Pawlikowski acaba deixando as coisas agradáveis de se ver (mesmo a sujeira e violência de algumas passagens se mostram quase palatáveis). Assim, apesar de todo o anacronismo estético-existencial e a impressão constante de se assistir a um “Casablanca” (1942) reciclado, “Guerra fria” não deixa de ser uma obra curiosa (principalmente, vale a pena reforçar, por aquelas sequencias iniciais).

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

"Guerra Fria" é um filme romântico, melancólico, além de ser uma obra de arte para aqueles que sabem apreciar um futuro grande clássico. Saiba mais no meu blog. https://cinemacemanosluz.blogspot.com/2019/02/cine-dica-em-cartaz-guerra-fria-os.html