quinta-feira, fevereiro 07, 2019

Praça pública, de Agnès Jaoui ***


A verborragia intensa e irônica sempre foi uma marca característica de grande parte do cinema francês. Exemplo claro disso é a filmografia da diretora Agnès Jaoui. Nas duas últimas décadas, ela construiu uma sólida obra baseada na prolixidade de diálogos e em um senso cômico sutil e afiado. “Praça pública” (2018) continua nessa levada e tem alguns momentos bem interessantes, ainda que Jaoui nada inove no seu estilo e não tenha grandes arroubos criativos estéticos. Seu roteiro parte de uma premissa temática bem manjada, a de uma grande festa numa casa de campo que reúne personagens de todos os tipos em que apresentam uma série de quiproquós e conflitos sociais e sentimentais. Apesar de tal previsibilidade, Jaoui dirige com verve e segurança, extraindo algumas ótimas performances de seu elenco e momentos efetivamente bem engraçados. A narrativa tem uma dinâmica envolvente e faz com que o subtexto da trama aflore com eficácia, principalmente no sentido de ridicularizar uma classe média alta arrogante que se atribui uma importância intelectual elevada quando na verdade se compraze em frivolidades até bem mundanas. Mesmo o eterno conflito entre valores de direita e esquerda recebe um tratamento engenhoso e lúcido. Ou seja, no conjunto geral, um belo panorama da sociedade francesa contemporânea realizado com classe formal e temática acima da média.

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