quarta-feira, abril 17, 2019

Instinto selvagem 2, de Michael Caton-Jones *


É claro que fazer uma continuação da obra-prima do suspense “Instinto selvagem 2” (1992) no mesmo nível artístico seria um desafio muito difícil de superar. Mas o que surpreende nessa segunda parte dirigida por Michael Caton-Jones, lançada em 2006, é o nível atingido de ruindade absoluta. Nada funciona no filme a um ponto que seus equívocos narrativos e textuais chegam nas raias do francamente ridículo e risível. Caton-Jones se perde em maneirismos estéticos estéreis na tentativa desesperada de emular o formalismo preciso e inventivo de Paul Verhoeven, além de se perder em um roteiro simplório e caricato. Caton-Jones nunca foi cineasta de grandes voos criativos, mas seu currículo é marcado por algumas memoráveis produções cujos roteiro e formalismo eram marcados por um eficiente misto de convencionalismo e sobriedade (“Memphis Belle”, “O despertar de um homem”, “Rob Roy”). Ou seja, bem distante dos descalabros de “Instinto selvagem 2”. Sharon Stone, de volta ao papel principal de Catherine Tramell, deixa-se contaminar pelo espírito de tranqueira do filme e entrega uma interpretação canastrona constrangedora. Essa combinação de picaretagem, oportunismo e incompetência faz de “Instinto selvagem 2” uma bela lição de como uma produção de respeitáveis recursos humanos e materiais pode resultar em um clamoroso desastre.

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