Há momentos em “O lamento” (2016) que fazem lembrar a
expressiva síntese de originalidade e tensão de outras produções sul-coreanas antológicas
que enveredaram pelo gênero suspense como “Old Boy” (2003), “Medo” (2003), “Mother”
(2009) e “Em chamas” (2018). O diretor Na Hong-jin se utiliza de uma encenação
que foge dos padrões tradicionais ocidentais para esse tipo de filme, principalmente
quando a narrativa se formata dentro de um padrão de comicidade. As reações dos
personagens diante de algumas situações limite do roteiro se aproximam mais de
um espanto cômico do que de arroubos melodramáticos ou de heroísmo. O grafismo
sanguinolento do filme também é mais brutal e cru do que aqueles que estamos
acostumados a ver nessa linhagem de produções vindas dos estúdios norte-americanos.
Esse conjunto artístico por vezes se mostra perturbador e angustiante, mas a
verdade é que “O lamento” não consegue manter esse nível de maneira mais
constante, principalmente quando se rende a alguns preceitos narrativos mais
convencionais. Ou seja, não está no mesmo nível artístico dos filmes
mencionados no início desse texto. Ainda assim, é uma obra de respeito e acima
da média do que vem se fazendo nos últimos anos no gênero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário