Um filme de ação cuja trama traz um protagonista
interpretado por Liam Neeson que é (aparentemente, pelo menos) um cidadão comum
ou um pobre coitado em crise existencial-econômica-familiar que se vê envolvido
em algum grande crime ou conspiração e com o desenrolar da narrativa acaba se
revelando um sujeito de enorme sagacidade e desenvoltura que dá umas porradas
nos vilões, descobre mistérios de maneira que beira o sherlockiano e até tem
direito a uma redenção conciliadora com os seus entes queridos, o seu passado
conturbado ou tudo isso junto. Quanta vezes você viu esse filme? Pois é, eu
também assisti a diversas variações dessa fórmula, quase sempre pouco
satisfatórias. “O passageiro” (2018) é mais uma derivação dessa concepção
artística-comercial “consagrada”, o próprio diretor Jaume Collet-Serra
trabalhou com Neeson em outros filmes bem parecidos. E aqui dá até para fazer
valer um outro clichê: é um filmezinho por vezes divertido, que garante o
interesse por alguns instantes em frente à televisão em uma noite de
sonolência, mas que assim que termina pouca coisa fica retida na nossa mente. É
claro que existe argumentos evidentes de que há muito público para diversão
escapista medíocre, que o veterano Neeson tem direito a ganhar uma grana fácil nessa
altura da sua vida. Ok, mas também há o direito de se constatar de maneira
óbvia que “O passageiro” representa uma vertente preguiçosa e pouco memorável
no gênero ação dos últimos anos.
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