sexta-feira, abril 05, 2019

O lagosta, de Yorgos Lanthimos ***


Na maioria do que se escreve e comenta em relação a “O lagosta” (2015) há uma variedade de opiniões que varia a qualificação do filme entre a excentricidade indie e o genial. Na realidade, a produção dirigida por Yorgos Lanthimos não chega a tais extremos e está mais vinculada a uma linhagem já tradicional da ficção científica, algo como uma variação das narrativas distópicas típicas de Phillip K. Dick e das atmosferas esquizoides de alguns dos melhores trabalhos de Terry Gillian. A obra de Lanthimos está bem longe da excelência artística dessas referências mencionadas, mas ainda assim tem os seus momentos inquietantes, principalmente na forma com que cruza uma tensão dramática perturbadora, nuances cômicas e uma encenação marcada pelo ascetismo/rigor estético. Por vezes o roteiro peca por algumas concepções simplórias na forma em que seu subtexto contrapõe um status quo asséptico e opressor e a uma resistência de rebeldes marcada pela incoerência e radicalismo. Ainda assim, é uma obra capaz de colar algumas de suas sequências em nosso imaginário.

Nenhum comentário: