Na maioria do que se escreve e comenta em relação a “O
lagosta” (2015) há uma variedade de opiniões que varia a qualificação do filme
entre a excentricidade indie e o genial. Na realidade, a produção dirigida por
Yorgos Lanthimos não chega a tais extremos e está mais vinculada a uma linhagem
já tradicional da ficção científica, algo como uma variação das narrativas
distópicas típicas de Phillip K. Dick e das atmosferas esquizoides de alguns dos
melhores trabalhos de Terry Gillian. A obra de Lanthimos está bem longe da
excelência artística dessas referências mencionadas, mas ainda assim tem os
seus momentos inquietantes, principalmente na forma com que cruza uma tensão
dramática perturbadora, nuances cômicas e uma encenação marcada pelo
ascetismo/rigor estético. Por vezes o roteiro peca por algumas concepções
simplórias na forma em que seu subtexto contrapõe um status quo asséptico e
opressor e a uma resistência de rebeldes marcada pela incoerência e
radicalismo. Ainda assim, é uma obra capaz de colar algumas de suas sequências
em nosso imaginário.
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