Diferente do seu filme anterior, “Home” (2008), obra que por
vezes enveredava por uma abordagem que beirava o delirante, em “Minha irmã”
(2012) a diretora Ursula Meyer optou por uma vertente cinematográfica bem
definida, o realismo social. Dentro desse gênero, a cineasta pouco ousa em
termos formais e temáticos – estão lá todos os preceitos inerentes a tal estilo
(a narrativa seca, a encenação naturalista, a discreta trilha sonora que
sublinha sutilmente algumas cenas, a temática a combinar o olhar intimista e
uma trama a expor as mazelas econômicas e comportamentais da sociedade
ocidental capitalista). Se por um lado a produção em questão não traz nada de
novo em sua estética, por outro é inegável que Meyer enlaça os referidos
elementos do gênero com convicção e coerência. A caracterização de situações e
personagens é marcada pela crueza e pela complexidade psicológica, dispensando
sentimentalismos fáceis e soluções escapistas. Por várias vezes a dupla de
protagonistas Louise (Léa Seydoux) e Simon (Kacey Klein) é irritante em suas
atitudes imaturas e conturbadas, mas é justamente por isso que ambos parecem
críveis e perturbadores. A dureza existencial e artística com que Meyer conduz
a narrativa não afasta o forte pendor humanista de “Minha irmã”. Pelo
contrário: apenas ainda mais enfatiza o impacto emocional do filme. A contundente
conclusão do filme sintetiza com perfeição essa visão de mundo, ao juntar de
forma precisa o formalismo sem concessões de Meyer com um olhar amoroso sobre a
relação entre dois personagens principais.
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