Se em “Frances Ha” (2012) o diretor Noah Baumbach fazia uma
espécie de releitura contemporânea de alguns dos maneirismos habituais da
Nouvelle Vague, em “Mistress America” (2015), sua nova colaboração com atriz e
roteirista Greta Gerwig, ele faz a revitalização moderninha daquelas comédias norte-americanas
amalucadas dos anos 30 e 40. Usando como personagens estudantes esnobes de literatura,
pseudointelectuais e figuras boêmias da noite nova-iorquina, Baumbach faz uma
espécie de inventário emocional de uma geração de jovens de classe média dentro
de uma estrutura narrativa que parece uma reciclagem do clássico “Levada da
breca” (1938) de Howard Hawks. Pode parecer esquisito por vezes, até porque o
cineasta deixa impresso boa parte do seu habitual estilo típico de cinema
independente contemporâneo: narrativa seca que por vezes emula um estilo
documental, roteiro de caráter naturalista, trilha sonora pop rock de acento
indie (no caso, com excelentes temas compostos pela dupla Dean & Britta,
além de antológicas canções de OMD e Suicide). Num primeiro momento, essa
mistura de referências diversas pode parecer indigesta, mas com o desenrolar da
trama o filme fica mais fluente e orgânico no seu misto de pretensão cool e
comicidade. Da metade para o fim, por sinal, fica bem engraçado, com a
protagonista Brooke (Gerwig), em suas tiradas bem humoradas e no seu porte
desengonçado, fazendo lembrar até mesmo algumas personagens memoráveis interpretadas
por Katherine Hepburn.
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