Nas décadas 1980 e 1990, o diretor britânico Stephen Frears
se mostrou como um dos mais versáteis e talentosos nomes do cinema mundial.
Ofereceu uma nova perspectiva para o gênero policial em “The Hit” (1984) e “Os
imorais” (1990), dirigiu dramas naturalistas memoráveis como “Minha adorável
lavanderia” (1985) e “O amor não tem sexo” (1987), fez comédias agridoces
notáveis como “Herói por acidente” (1992) e “A grande família” (1993). Nas
últimas décadas, entretanto, acabou entrando num decepcionante comodismo criativo,
enveredando por obras acadêmicas e previsíveis que por vezes até rendem algumas
indicações ao Oscar, mas que estão longe de colar no imaginário
cinematográfico, vide produções como “A rainha” (2006) ou “Philomena” (2013). “Florence:
Quem é essa mulher?” (2016) mostra que Frears continua nesse marasmo. A
história real da personagem título até tem uma conotação interessante pela
carga simbólica de revelar as hipocrisias sociais e culturais do circuito
artístico da Nova Iorque dos anos 40. Mas o tratamento que Frears dá para
narrativa é tão mecânico e superficial que poucas vezes o filme chega perto de
causar alguma empolgação. É claro que dá para perceber boa parte da habitual
elegância formal do cineasta, principalmente na sequência em que St. Clair
(Hugh Grant) dá uma festinha regada a jazz e álcool em seu apartamento. Além
disso, há a ótima atuação de Nina Arianda fazendo com que a sua personagem
coadjuvante Agnes Stark sempre roube a cena quando aparece na tela. Mas esses
eventuais rasgos positivos acabam sendo muito pouco para alguém com uma
filmografia tão expressiva quanto Frears.
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