sexta-feira, julho 22, 2016

Lugares escuros, de Gilles Paquet-Brenner ***

É provável que aqueles que apreciaram o extraordinário “Garota exemplar” (2014) de David Fincher possam ficar curiosos com “Lugares escuros” (2015), pois ambos os filmes se baseiam em romances da escritora Gillian Flynn. No caso da versão de Fincher, entretanto, a força da obra se residia no tratamento formal rebuscado e na atmosfera irônica com que o diretor envolvia uma trama repleta de clichês novelescos e absurdos. Já na concepção artística de “Lugares escuros”, o diretor Gilles Paquet Brenner está bem distante do gênio estético de Fincher, fazendo com que a sua produção enverede por uma narrativa bem mais tradicional e se conforme a reproduzir as viradas rocambolescas do roteiro. Ainda assim, consegue manter uma tensão e um clima sombrio envolventes, com direito inclusive a uma visão bastante sardônica da atração da sociedade ocidental pelo sensacionalismo macabro de assassinatos e demais casos escabrosos. Há uma certa ambientação de influências góticas que relaciona com alguma criatividade os truques habituais do gênero suspense e uma temática de teor naturalista que evoca com discrição questões sociais e econômicas. Pena que a conclusão da trama peque pelo excessivo apego às convenções desse tipo de produção.

Nenhum comentário: