Há versões que dizem que a história contada no documentário “Procurando
Sugar Man” (2012) não seria totalmente verdadeira, principalmente no que diz
respeito ao fato de que o cantor Sixto Diaz Rodriguez não estaria num
ostracismo tão radical a ponto de muita gente considerar que ele estava morto.
No final das contas, entretanto, não é algo que chega ao ponto de tirar o
brilho do filme dirigido por Malik Bendjelloul como uma obra tão envolvente e
emocionante. A trajetória do protagonista tem um alcance universal no sentido
de simbolizar a força de uma arte verdadeira e visceral a ponto de criar laços
inesperados com o público, independente das fronteiras e mesmo das estratégias
mercadológicas (nesse sentido, impossível não lembrar do magnífico “Buena Vista
Social Club” de Wim Wenders). Tal colocação pode até parecer ingênua ou óbvia,
mas em tempos que medíocres programas televisivos privilegiam uma música
formatada de acordo com o gosto médio e comercial, é extremamente salutar e
revigorante ver o triunfo, ainda que tardio, de uma figura como Rodriguez.
Mesmo que a acusação contra o filme de manipulação de fatos e sentimentos possa
ser verdadeira, é inegável que a concepção artística de Bendjelloul para a sua
narrativa tem um impacto sensorial notável, valorizando de maneira apaixonada a
música tocante de Rodriguez.
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