A temática do documentário “Cidades fantasmas” (2017) é bem
definida – as histórias de quatro pequenas cidades da América do Sul que por
ações da natureza ou do homem (ou por ação conjunta de ambos os fatores)
acabaram sendo abandonadas pelas suas respectivas populações. O diretor Tyrell
Spencer adota um direcionamento narrativo que se mostra em forte sintonia com o
viés melancólico do assunto principal do filme, em que a austera direção de
fotografia em preto e branco, a edição de ritmo sereno e a discreta trilha
sonora formam um conjunto estético contundente que sabe ressaltar as amargas
nuances dramáticas dos eventos mostrados na tela, fazendo com que tal obra não
se limite a um formato de reportagem convencional transplantada para a tela
grande. Aliás, essa concepção de audiovisual é tão eficaz na sua sombria beleza
que até torna, por vezes, dispensáveis e redundantes alguns depoimentos dados
durante a narrativa. No mais, “Cidades fantasmas” ganha uma especial
ressonância na conturbada conjuntura sócio-econômica em que vivemos, pois em
cada um dos casos expostos no documentário fica evidente o descaso com aspectos
humanistas em prol de ações visando o lucro financeiro e político de uma
pequena elite.
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