Ainda que vinculado ao gênero do drama biográfico, “Stefan
Zweig – Adeus, Europa” (2016) não tem como principal intenção temática fazer um
grande resumo sobre a vida de seu protagonista. Dentro da concepção
artística-existencial da diretora Maria Schrader, mais importante seria fazer
uma espécie de retrato de uma nebulosa sensação de desconforto
espiritual-filosófico de um imaginário coletivo diante do avanço inexorável da
barbárie sócio-política-cultural na sociedade ocidental da primeira metade do
século XX. Dentro de tal ambientação narrativa e histórica, a opção da cineasta
em termos de abordagem emocional e estética é por um formalismo contido e por
um roteiro sem grandes reviravoltas dramáticas (com exceção, é claro, da sequência
final na revelação do suicídio duplo de Zweig e sua esposa), formando um
conjunto narrativo sereno e cinzento, por vezes quase tedioso, mas que oferece
a moldura adequada para o sombrio subtexto de sua trama, e que acaba ganhando
uma ressonância ainda mais perturbadora quando se pensa na atual conjuntura mundial
política e social.
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