quinta-feira, julho 27, 2017

Kiki - Os segredos do desejo, de Paco León *

A promessa de uma obra libertária por parte da produção espanhola “Kiki – Os segredos do desejo” (2015) só fica mesmo na premissa de seu roteiro. Em termos formais, o filme em questão é de caretice e mediocridade extremas – narrativa engessada em formato episódico e estética estilo “comercial de sabonete” (tendência essa deixada evidente logo de cara na horrorosa sequência inicial de créditos). Em sua parte temática, as coisas ficam ainda piores. Por mais que se pretenda fazer uma espécie de inventário sobre as manias e taras sexuais dentro da sociedade espanhola, os direcionamentos da trama sempre se encaminham para adequação de tais “desvios” comportamentais para dentro do modelo familiar, ou seja, o casamento sempre deverá ser preservado. Pode-se dizer que tal orientação existencial teria ligação com a tendência cristã conservadora típica da Espanha, mas na realidade isso cai por terra quando se lembra de alguns filmes marcantes da filmografia espanhola de diretores como Luis Buñuel, Pedro Almodovar e Bigas Luna que questionam com grande criatividade artística e contundência temática os valores morais pequeno-burgueses.

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