sexta-feira, julho 07, 2017

Una, de Benedict Andrews **

Num primeiro momento, a abordagem artística concebida pelo diretor Benedict Andrews para “Una” (2016) pode até sugerir alguma ousadia – a temática polêmica da pedofilia parece ser filtrada por uma narrativa mais atmosférica e de sóbria abordagem emocional. O desenrolar da narrativa, entretanto, revela que tal impressão se mostra enganosa. O desenvolvimento da trama vai mostrando um caráter novelesco, beirando o exagero e o brega, e por vezes caindo no francamente moralista (afinal, a sugestão de que a protagonista Una tem uma vida “dissipada” em termos de comportamento por ter sido abusada sexualmente na adolescência está bem longe de caracterizar uma visão libertária). Há até uma menção de ambiguidade na relação entre Una (Rooney Mara) e seu algoz/amante Ray (Ben Mendelsohn), mas tal sutileza dramática é progressivamente abafada em nome de uma solução mais previsível e adequada em termos “morais”. O formalismo do filme se mostra em sintonia com as escolhas convencionais e um tanto hipócritas do roteiro, dando para a narrativa uma estruturação asséptica, típica de um telefilme derivativo, 

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