O cinema “mainstream” argentino costuma ser elogiado por um
certo padrão de qualidade em suas produções, principalmente no que diz respeito
à narrativa adequada aos padrões convencionais (e também comerciais)
estabelecidas pelos grandes estúdios norte-americanos (e que, por tabela, se
estendem a outras escolas cinematográficas ocidentais). Dessa forma, há uma
quantidade razoável de filmes portenhos que se mostram acessíveis ao público em
geral, ainda que em boa parte de tais obras fique evidente um caráter asséptico
e derivativo em suas respectivas concepções artísticas. Esse é justamente o
caso de “Neve negra” (2016) – há a impressão constante ao se assistir ao filme
que o diretor Martín Hodara segue um manual de como fazer um trabalho no gênero
suspense de acordo com todos os clichês e ditames narrativos e temáticos
inerentes a esse tipo de produção. Os elementos formais se colocam em cena de
forma correta, mas sem qualquer traço de ousadia e criatividade. Por mais que o
roteiro possa evocar questões tabu como o incesto e algumas sequências vazem
momentos de maior violência gráfica, tais aspectos são abrandados pelo
tratamento artístico destituído de vigor de Hodara. Ou seja, no geral “Neve
negra” não chega a ser exatamente ruim e é capaz de entreter as plateias menos
exigentes, mas também está bem longe de ser considerado algo de memorável.
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