Na sua construção formal-narrativa, “Custódia” (2017) parece
uma variação dos preceitos artísticos de alguns dos principais filmes dos
irmãos Dardenne. Há aquela sóbria abordagem estética a embalar uma trama de
forte conteúdo intimista-social. Ainda que tenha esse aspecto derivativo, o
filme do diretor francês Xavier Legrand consegue ter um considerável impacto
sensorial para as plateias. O conjunto encenação, edição e fotografia configura
uma forte atmosfera de tensão sufocante na história da conturbada relação entre
um homem violento e perturbado e a ex-mulher e filhos. Há um tom quase
documental por vezes na narrativa, em que até detalhes burocráticos e
administrativos de um processo judicial de separação litigiosa, por exemplo,
são expostos em suas minúcias justamente para caracterizar uma ambientação de
opressão machista e econômica sobre aqueles mais fragilizados (mulheres,
crianças, pobres) perante esse sistema sócio-econômico. Legrand não se vale de
artifícios de fácil manipulação sentimental, como música melosa ou
caracterizações caricatas – seu filme tem uma objetividade e secura que realçam
com precisão e sensibilidade alguns tormentos existenciais típicos da sociedade
contemporânea, além de um elenco cujas composições dramáticas à flor-da-pele se
mostram em notável sintonia com tal proposta.
Um comentário:
Sou do Clube de Cinema de Porto Alegre e pretendo ver esse filme no sabado
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