Em termos de roteiro e encenação, “Fala comigo” (2016) é uma
obra que de maneira constante flerta com o convencional, ainda que a sua
narrativa seja envolvente para o espectador e em algumas passagens a trama apresente
um teor mais libertário. Ou seja, não chegaria a ser algo de especialmente
memorável. O que dá ao filme do diretor Felipe Sholl uma certa transcendência
artística e o cola no nosso imaginário é a atuação monumental de Karine Teles
no papel de uma maníaca-depressiva quarentona que se envolve romanticamente com
um adolescente. Os grandes momentos dramáticos da produção, e mesmo os cômicos,
ficam concentrados nas notáveis nuances de interpretação de Teles, que constrói
uma personagem que varia de forma admirável entre o obsessivo, o sensual e o
carismático. Ela ajuda a dar consistência criativa e empatia para os momentos
mais cruciais do filme, principalmente nas intensas sequências eróticas e nas
cenas com foco em diálogos espirituosos e irônicos. E esse desempenho da atriz
não se trata de um acerto pontual em sua carreira, pois ela se mostrou ainda
mais brilhante em “Benzinho” (2018).
Um comentário:
Karine Teles dá novamente um show de interpretação nesse filme
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