Filmes baseados em narrativas mosaicos sempre farão lembrar
algumas da principais obras de Robert Altman (“Nashville”, “Cenas de um
casamento”, “Short Cuts”, “A última noite”). Não foi o brilhante cineasta
americano quem criou esse tipo de filme, mas talvez seja aquele que melhor
delineou tal formatação, tornando-se influência para vários diretores. Na
produção espanhola “18 comidas” (2010) dá para sentir essa ascendência
artística de Altman. Na trama, constam algumas histórias paralelas que se
entrecruzam em pequenos detalhes, procurando a unidade a partir do conceito de
que boa parte dos personagens se encontram numa situação de desconforto
existencial. Mas se Altman dentro de seus princípios estéticos e temáticos se
mostrava um artista inquieto e contestador, no caso do espanhol Jorge Coira
Nieto ele pouco consegue transcender do apenas correto. Por mais que em termos
de conteúdo sejam evocados alguns temas prementes da contemporaneidade
(solidão, vazio existencial, relacionamentos familiares conturbados), a
encenação resvala vários vezes no banal e a narrativa é destituída de vigor. É
claro que em alguns momentos dá para sentir uma vontade de Nieto em fugir do
lugar comum. Esse desejo, contudo, acaba ficando apenas na intenção, faltando
para Nieto maior estofo artístico para tornar “18 comidas” uma obra efetivamente
memorável.
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