quinta-feira, setembro 17, 2015

18 comidas, de Jorge Coira Neto **

Filmes baseados em narrativas mosaicos sempre farão lembrar algumas da principais obras de Robert Altman (“Nashville”, “Cenas de um casamento”, “Short Cuts”, “A última noite”). Não foi o brilhante cineasta americano quem criou esse tipo de filme, mas talvez seja aquele que melhor delineou tal formatação, tornando-se influência para vários diretores. Na produção espanhola “18 comidas” (2010) dá para sentir essa ascendência artística de Altman. Na trama, constam algumas histórias paralelas que se entrecruzam em pequenos detalhes, procurando a unidade a partir do conceito de que boa parte dos personagens se encontram numa situação de desconforto existencial. Mas se Altman dentro de seus princípios estéticos e temáticos se mostrava um artista inquieto e contestador, no caso do espanhol Jorge Coira Nieto ele pouco consegue transcender do apenas correto. Por mais que em termos de conteúdo sejam evocados alguns temas prementes da contemporaneidade (solidão, vazio existencial, relacionamentos familiares conturbados), a encenação resvala vários vezes no banal e a narrativa é destituída de vigor. É claro que em alguns momentos dá para sentir uma vontade de Nieto em fugir do lugar comum. Esse desejo, contudo, acaba ficando apenas na intenção, faltando para Nieto maior estofo artístico para tornar “18 comidas” uma obra efetivamente memorável.

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