O primeiro “Ted” (2012) trazia uma síntese narrativa bem
interessante – era uma comédia que se formatava dentro de um padrão
convencional de narrativa com uma trama repleta de momentos hilários baseados
num coquetel de grosserias, piadas politicamente incorretas, escatologias e
citações pop, tendo um sutil subtexto de caráter libertário e crítico das
hipocrisias moralistas da sociedade norte-americana. Em “Ted 2” (2015), o
diretor Seth MacFarlane não atinge o mesmo equilíbrio temático e estético da
produção anterior. O referido subtexto contestatório fica em primeiro plano no
roteiro, com uma história que se baseia na luta do ursinho protagonista em
defesa de seus direitos civis. É claro que o filme não se leva totalmente a
sério nesse viés político, com o próprio Ted tirando uma onda com o teor
edificante da produção. Ainda assim, o filme perde muito da sua fluência
narrativa a partir desse direcionamento criativo de MacFarlane. Não que as
questões levantadas pelo filme não sejam pertinentes e relevantes. Pelo
contrário. O fato é que a abordagem de “Ted 2” retira aquele pique alucinante
de gags ácidas que era a tônica do filme anterior em nome de uma orientação
mais comportada, resultando numa composição dramática pouco convincente e por
vezes até enfadonha. E se o ursinho continua carismático e mesmo Mark Wahlberg
se mostra bem à vontade na sua caracterização largadona de maconheiro abobado,
por outro lado é uma baita bola fora colocar a inexpressiva Amanda Seyfried no
papel principal feminino e ter um Morgan Freeman completamente no piloto
automático.
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