O diretor Mark Osborne até que comete algumas ousadias
interessantes na mais recente versão cinematográfica de “O pequeno príncipe”
(2015). Ao invés de simplesmente adaptar ipsis literis a clássica obra
literária de Saint-Exupéry, ele construiu uma narrativa que se desenvolve em
três planos de trama – no primeiro, é mostrada a vida de uma menina presa numa
rotina de estudos para entrar em uma conceituada escola que tem a sua vida
mudada pela leitura do livro em questão; no segundo plano, há trechos do romance
que são transpostos para o audiovisual; e por fim há o momento em que os dois
primeiros planos se fundem, gerando um universo ambíguo que tanto pode ser a “realidade”
quanto um delírio onírico da protagonista. O grande mérito do filme é conseguir
enquadrar esses planos dentro de uma narrativa coerente e de fácil assimilação,
fazendo com que ela possa ser apreciada tanto por crianças quanto por adultos.
O roteiro capta com sensibilidade as principais nuances existenciais do livro,
conseguindo também as enquadrar dentro de uma temática contemporânea (o
subtexto traz um conteúdo bem crítico em relação à rotina de desumanização da
infância em nome de um futuro profissional “bem sucedido”). “O pequeno príncipe”
traz ainda um cuidado estético acima da média, combinando diferentes técnicas
de animação (principalmente digital e stop motion) que variam de acordo com as
aludidos planos de realidade da trama. As soluções finais da história sugerem
uma forte queda para o convencional, mas ainda assim o resultado final é acima
da média do que tem sido feito dentro do cinema infanto-juvenil, além de
ressaltar a atemporalidade do livro de Saint-Exupéry.
Um comentário:
Uma das gratas surpresas do ano e que fez com que, aqueles que leram o clássico livro, tivessem uma sensação de pura nostalgia.
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