Nenhuma das tendências mais modernas do cinema de animação
parecem dar as caras em “Shaun, o carneiro” (2015). A técnica de stop motion
não apresenta qualquer inovação técnica e o conteúdo de seu roteiro beira a
ingenuidade em seus dilemas e soluções dramáticas. De certa forma, até parece
uma reciclagem de coisas já vistas, em outros desenhos animados (nesse sentido,
“A fuga das galinhas” é o que mais vem à mente de imediato). Esse anacronismo
da produção dirigida por Richard Starzak e Mark Burton talvez seja o seu grande
barato estético. Predomina no filme uma atmosfera atemporal e nostálgica: o
comportamento do personagem título e os demais animais da fazenda representam
uma síntese entre a singeleza e a ironia, os diálogos são grunhidos bastante
expressivos, a trama é um acúmulo de quiproquós amalucados. As aventuras do
carneiro protagonista já eram mostradas numa série televisiva, o que explica
esse tom de leveza da animação. Está bem longe de ser uma obra-prima, mas
também foge bastante das narrativas previsíveis e burocratas do que se faz
atualmente na grande maiorias das produções do gênero. “Shaun” tem um grafismo
sedutor dentro da sua simplicidade visual, além de algumas memoráveis e
convincentes sequencias que fundem com naturalidade humor e ação.
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