É claro que dentro dessa eterna prática de Hollywood em
fazer remakes, continuações, reboots e afins o interesse principal é faturar um
lucro fácil a partir de uma produção que já “deu certo” em termos comerciais.
Também é fato, entretanto, que ocasionalmente essa “revisitação” traz alguma
intenção artística mais relevante propondo um aprofundamento conceitual ou uma
expansão estética (nesse sentido, é só conferir o recente e extraordinário “Mad
Max – A estrada da fúria”). “Férias frustradas” (2015) acaba sendo um exemplar
emblemático desses conflitos comerciais e artísticos. Assim como no filme
original de 1983 que deu origem à franquia, a proposta dessa comédia é até
simples: tendo como base um roteiro repleto de pastelão, escatologias,
grosserias e piadinhas infames, há espaço para um subtexto de caráter crítico
que mistura exaltação de valores familiares e ironia com os valores e
boçalidades do norte-americano médio. No caso dessa produção mais recente, dá
para dizer que há uma queda maior para a violência e escrotidão gráficas. No
cômputo geral, a equação entre comédia física e narrativa equilibrada é muito
mais afiada no memorável trabalho original de Harold Ramis e Amy Heckerling. A
obra dirigida por John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein tem alguns bons
momentos engraçados pelos seus exageros, mas poucas vezes consegue arranjar o
tom narrativo adequado. Mesmo o seu roteiro é bem descompassado – a pretensa
ironia ácida de algumas situações acaba atenuada por um discurso temático
bastante conservador e simplórios nas resoluções dos principais dilemas da
história.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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