É comum ao se ler análises sobre filmes, músicas, livros HQ
e afins que contam já com algumas décadas de existência expressões do tipo “não
envelheceu bem”, “é datado” e outras frases parecidas. É claro que uma obra se
adequa ao tempo em que foi concebida, com detalhes como técnica, estilo,
tecnologia e costumes sendo emblemáticos desse período. Mas em sua essência
artística, naquilo que diz respeito a criatividade e sagacidade, essa mesma
obra é atemporal, para o bem e para o mal. Essa breve reflexão serve para
referenda que um filme extraordinário como “O tenente sedutor” (1931) sempre
será capaz de cativar plateias, independente do ano em que for visto. O que
prevalece sempre é a genialidade do diretor Ernest Lubitsch em termos de
encenação e ironia ácida. Os diálogos repletos de tiradas sacanas, a narrativa
de ritmo envolvente, as atuações carismáticas e bem humoradas do trio principal
de atores, a elegância da composição cênica e as canções espirituosas que pontuam
a trama compõem uma produção antológica, cujo grau de transgressão e precisa
concisão estética permanece sempre atual e relevante.
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