Assim como “Drive-in da morte” (1986), outra obra de ficção
científica dirigida também por Brian Trenchard-Smith, “A caçada do futuro”
(1982) envereda por uma trama que apresenta um futuro distópico dominado pelo
totalitarismo, em que as liberdades individuais foram sacrificadas em nome de
uma rigorosa segurança pública. O que as diferencia é que “Drive-in da morte”
apresenta uma abordagem mais sombria e de atmosfera mais sufocante e
perturbadora, enquanto “A caçada do futuro” é uma aventura descabelada, quase
delirante. Na sessão comentada no FANTASPOA desse último, o próprio
Trenchard-Smith declarou que o filme é fruto da criatividade que usou de acordo
com as limitações de recursos impostas pelos produtores. Mais apressados podem
confundir tal formalismo da produção com características de cinema trash. Nada
mais equivocado: por mais que efeitos possam aparentar uma precariedade, a
dinâmica narrativa impressa pelo cineasta, com direito, inclusive, a utilização
de trechos documentais alheios, e a caracterização visual suja remetem a um
cinema estilo exploitation insanamente divertido e de uma composição imagética
de alto impacto sensorial que pode soar incômoda para os acostumados com a
assepsia visual dos efeitos digitais tão em voga nas contemporâneas obras do
gênero.
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