“Primeira classe” (2011) e “Dias de um futuro esquecido”
(2014) foram obras que apresentaram uma síntese narrativa e soluções dramáticas
que deram uma expressiva arejada para a franquia “X-Men” nos cinemas, depois do
frustrante “O confronto final” (2006), principalmente por quesitos como a preservação
da essência de personagens e situações originários das HQs originais, marcantes
cenas de ação, concisão narrativa e roteiros enxutos e coerentes. Essa receita
pode até parecer simples, mas foi executada com notável eficiência,
respectivamente, pelos diretores Matthew Vaughn e Bryan Singer. No novo capítulo
da saga dos mutantes no cinema, “Apocalipse” (2016), Singer dá prosseguimento
ao seu trabalho de direção, mas parece esquecer as qualidades dos filmes
anteriores. É uma obra espalhafatosa, melodramática em excesso, com sequências dispensáveis
e diálogos autoexplicativos em demasia. A obra a todo momento parece buscar uma
grandeza épica e sombria, mas nunca consegue justificar tal pretensão em função
de uma encenação truncada e sem naturalidade e de um roteiro pueril que mesmo o
nerd ou geek mais fanático e sem critérios dificilmente conseguiria engolir. Se
era tão fácil para a Jean Grey (Sophie Turker) usar a Força Fênix, por que não
fez isso desde o início para dar um fim no vilão Apocalipse (Oscar Isaac)? Magneto
(Michael Fassbender) mata dezenas de pessoas à sangue frio, e depois se
arrepende com facilidade e ninguém dos X-Men pensa em levá-lo às autoridades,
ignorando as latentes tendências homicidas do vilão? A caracterização dos
personagens também deixa muito a desejar: o professor Xavier (James McAvoy) e
Mística (Jennifer Lawrence) passam boa parte da trama disparando discursos
ingênuos e edificantes, Magneto (Michael Fassbender) é um mero imbecil
facilmente manipulável, Mercúrio (Evan Peters) dá a impressão de ter saído de
um episódio de “Os trapalhões”, o pretensamente temível Apocalipse tem
imponência nula. Na verdade, a noção geral que se tem ao assistir a “Apocalipse”
é a de uma obra feita às pressas e sem muito critérios, a fim de levantar um
lucro fácil sob o pretexto de que quem gosta de filmes de super-heróis não deve
ser muito exigente.
Um comentário:
Pegou pesado. Ao meu ver o filme poderia ter sido pior, mas diverti e encerra essa segunda trilogia com certa dignidade.
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