Desde da consolidação da figura de Zé do Caixão, parte da
evolução do cinema de horror brasileiro passa pela síntese entre influências de
referências estrangeiras dentro do gênero e a incorporação de uma mitologia
nacional típica. “O diabo mora aqui” (2015) é um exemplar enfático dessa
tendência. Muito mais do que simples exotismo, as referências culturais e
históricas na trama do filme são as principais responsáveis pela sua forte
tensão dramática e pelos seus momentos imagéticos mais impactantes. A questão
da escravatura no país e as suas nefastas consequências que perduram até hoje,
principalmente no que diz respeito às desigualdades de classes sociais, dão um
sentido assustador a um roteiro que envolve elementos tradicionais do horror
como zumbis, assombrações e uma casa que é a origem do mal. Influências óbvias
como a franquia “Evil Dead” são incorporadas com naturalidade, vide o uso de expressivas
trucagens e uma encenação de raras dinâmica e desenvoltura, fazendo de “O diabo
mora aqui” uma obra de horror bem divertida e eficiente em gerar sustos do que
a grande maioria das pasteurizadas produções norte-americanas no gênero que
costumam aportar por aqui nos últimos tempos.
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