terça-feira, junho 07, 2016

Antibirth, de Danny Perez ***

O diretor norte-americano Danny Perez também é um videomaker bastante vinculado ao universo de bandas neopsicodélicas contemporâneas como Animal Collective e Unknown Mortal Orchestra. Numa das festas da edição de 2016 do FANTASPOA, teve uma performance antológica ao discotecar um set alucinado de psicodelia, eletrônica e industrial associado a uma projeção de trechos de filmes marcados pela esquisitice e escatologia. Toda essa sua herança “clipeira” fica evidente no longa-metragem ficcional “Antibirth” (2016) – ambientação delirante e sórdida, edição de traço frenético, magnífica trilha sonora de canções de rock underground. Há ainda referências ao universo fílmico de diretores como Roman Polanski, David Lynch e David Cronenberg. Esse acúmulo de influências e referências por vezes tornam a narrativa algo trôpega, pouco fluente. Em seus melhores momentos, contudo, “Antibirth” se insinua na mente do espectador como um pesadelo memorável e perturbador, em que o retrato sujo e melancólico do cotidiano de junkies, criminosos pé-de-chinelo e fracassados em geral se casa, de maneira surpreendentemente natural, com uma trama que mistura horror e ficção científica, com direito a um desempenho inesquecivelmente escroto de Natasha Lyonne, No geral, uma verdadeira pedrada sensorial que dificilmente poderá ser vista em algum multiplex da vida.

Nenhum comentário: