O diretor norte-americano Danny Perez também é um videomaker
bastante vinculado ao universo de bandas neopsicodélicas contemporâneas como
Animal Collective e Unknown Mortal Orchestra. Numa das festas da edição de 2016
do FANTASPOA, teve uma performance antológica ao discotecar um set alucinado de
psicodelia, eletrônica e industrial associado a uma projeção de trechos de
filmes marcados pela esquisitice e escatologia. Toda essa sua herança “clipeira”
fica evidente no longa-metragem ficcional “Antibirth” (2016) – ambientação delirante
e sórdida, edição de traço frenético, magnífica trilha sonora de canções de
rock underground. Há ainda referências ao universo fílmico de diretores como
Roman Polanski, David Lynch e David Cronenberg. Esse acúmulo de influências e
referências por vezes tornam a narrativa algo trôpega, pouco fluente. Em seus
melhores momentos, contudo, “Antibirth” se insinua na mente do espectador como
um pesadelo memorável e perturbador, em que o retrato sujo e melancólico do
cotidiano de junkies, criminosos pé-de-chinelo e fracassados em geral se casa,
de maneira surpreendentemente natural, com uma trama que mistura horror e
ficção científica, com direito a um desempenho inesquecivelmente escroto de
Natasha Lyonne, No geral, uma verdadeira pedrada sensorial que dificilmente
poderá ser vista em algum multiplex da vida.
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