Havia uma certa confluência de fatores que fazia com que a
produção brasileira “Prova de coragem” (2015), dirigida por Roberto Gervitz,
fosse uma obra promissora. Para começar, a produtora Monica Schmiedt havia
dirigido o ótimo documentário “Extremo sul” (2005), que tinha como mote
principal uma expedição de escalada ao Monte Sarmiento na Terra do Fogo que
acaba fracassando antes mesmo de começar, e que se relaciona a um dos aspectos
principais da trama de “Prova de coragem”. Já o roteiro do filme de Gervitz tem
como base um romance de Daniel Galera, autor esse que já havia tido uma obra
sua adaptada para o cinema com resultados bastante interessantes em “Cão sem
dono” (2007), fazendo um retrato contundente do vazio existencial dos “jovens
adultos” desse novo século. Ocorre que as expectativas geradas por tais
indícios positivos, entretanto, acabam sendo frustradas diante do resultado
final de “Prova de coragem”. O roteiro do filme até sugere algumas questões e
dilemas que poderiam render algo efetivamente capaz de prender a atenção do
espectador, dentro da característica abordagem intimista de Galera, mas o
tratamento formal proposto por Gervitz é tão apático que joga por terra
qualquer chance da produção decolar. Uma encenação engessada e artificial em demasia
(as cenas de flashback, por exemplo, parecem teatro de escola), a narrativa
nada inspirada e o elenco repleto de atuações inexpressivas (o protagonista
vivido por Armando Babaioff, em especial, é um primor de canastrice) jogam o
filme para o limbo das nulidades cinematográficas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário