sexta-feira, agosto 05, 2016

A lenda de Tarzan, de David Yates ***

A essa altura do campeonato, talvez mais um filme trazendo a figura de Tarzan como protagonista poderia parecer um tanto anacrônico. Diante de algumas circunstâncias culturais e sociais contemporâneas, entretanto, esse “A lenda de Tarzan” (2016) acaba ganhando inesperadas ressonâncias. O fato do diretor David Yates ser o responsável por esse novo capítulo da saga do antigo herói pulp é bem sintomático, pois o cineasta foi o realizador de alguns episódios da franquia “Harry Potter” e nessa nova produção com Tarzan dá para perceber que houve uma espécie de readequação do personagem dentro dos preceitos formais e narrativos típicos das produções de aventura fantástica desse século, tanto no uso expansivo de efeitos digitais quanto na profusão de sequências alucinadas de ação. É claro que pelo uso de tais recursos por vezes o filme soe um pouco derivativo (em alguns momentos, há a impressão de que Tarzan está fazendo parte do cinematográfico universo Marvel), mas também é fato que Yates apresenta uma direção segura no sentido de conseguir manter uma tensão dramática efetiva, um cuidado visual expressivo e uma atmosfera de violência e exotismo que garante interesse para o espectador. Também é curioso como o subtexto político do roteiro, mostrando as desumanas práticas colonialistas de países europeus no continente africano em séculos passados, ganha uma sintonia contundente com o presente conturbado cenário sócio-político mundial envolvendo terrorismo, racismo e xenofobia.

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