O diretor norte-americano Robert Altman foi responsável pela
realização de um número expressivo de títulos importantes na cinematografia de
seu país (“Mash”, “Quando os homens são homens”, “Nashville”, “Cerimônia de
casamento”, “Short Cuts”, entre outros). Apesar disso, seu relacionamento com
produtores e estúdios sempre foi conturbado, principalmente pelo fato de seu
gênio artístico nunca ter se adequado às exigências comerciais da indústria de
cinema de Hollywood. “O jogador” (1992) tem uma forte carga amorosa em relação
ao cinema como meio de expressão cultural, com direito a citações e referências
a clássicos (a sensacional abertura em plano-sequência, por exemplo, é
homenagem direta a recurso semelhante utilizado na obra-prima “A marca da
maldade”). Mas o que realmente prevalece é uma atmosfera cáustica de farsa a
satirizar a vulgaridade e o arrivismo de Hollywood. Nessa diatribe particular
de Altman, seu habitual e criativo senso narrativo está em ponto de bala, com o
cineasta construindo um painel formal e temático desconcertante, em que
metalinguagem irônica, paródia de cinema noir e sutil comicidade se entrelaçam
com uma naturalidade impressionante. Como cereja do bolo, no papel do
protagonista Griffin Mill, um produtor escroque e almofadinha, Tim Robbins tem
a interpretação de sua vida, combinando histeria e maquiavelismo nas medidas
exatas.
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