sexta-feira, agosto 12, 2016

O jogador, de Robert Altman ****

O diretor norte-americano Robert Altman foi responsável pela realização de um número expressivo de títulos importantes na cinematografia de seu país (“Mash”, “Quando os homens são homens”, “Nashville”, “Cerimônia de casamento”, “Short Cuts”, entre outros). Apesar disso, seu relacionamento com produtores e estúdios sempre foi conturbado, principalmente pelo fato de seu gênio artístico nunca ter se adequado às exigências comerciais da indústria de cinema de Hollywood. “O jogador” (1992) tem uma forte carga amorosa em relação ao cinema como meio de expressão cultural, com direito a citações e referências a clássicos (a sensacional abertura em plano-sequência, por exemplo, é homenagem direta a recurso semelhante utilizado na obra-prima “A marca da maldade”). Mas o que realmente prevalece é uma atmosfera cáustica de farsa a satirizar a vulgaridade e o arrivismo de Hollywood. Nessa diatribe particular de Altman, seu habitual e criativo senso narrativo está em ponto de bala, com o cineasta construindo um painel formal e temático desconcertante, em que metalinguagem irônica, paródia de cinema noir e sutil comicidade se entrelaçam com uma naturalidade impressionante. Como cereja do bolo, no papel do protagonista Griffin Mill, um produtor escroque e almofadinha, Tim Robbins tem a interpretação de sua vida, combinando histeria e maquiavelismo nas medidas exatas.

Nenhum comentário: