O diretor Harmony Korine é uma espécie de cronista da
podridão da sociedade norte-americana. Seus filmes representam crônicas
distorcida do american way of life. Dentro de uma estética que privilegia o
estranho e o mau gosto, mas que esconde uma abordagem formal sofisticada e um
subtexto entre o poético e o libertário, destacam-se em sua filmografia pelo
menos duas obras extraordinárias: “Gummo” (1997) e “Spring Breakers” (2012). “Mister
Lonely” (2007) não atinge o mesmo grau de impacto artístico das produções
mencionadas, mas ainda assim é capaz de impressionar em algumas sequências pela
esquisitice de sua trama e força das imagens, mostrando que Korine tem uma
forte coerência autoral na forma com que expõe suas obsessões existenciais e
estéticas. Numa sociedade como a norte-americana/ocidental que tem uma certa
obsessão mórbida com celebridades mortas e/ou trágicas, faz todo sentido Korine
mostrar uma história composta basicamente por indivíduos que vivem de imitar
tais celebridades. A simbologia presente no roteiro é intrincada, e dentro de
uma narrativa fragmentada, parecem compor um painel onírico entre o
desconcertante e o desengonçado. Ainda que irregular como resultado final, “Mister
Lonely” é a prova de que Korine mesmo em seus momentos menos inspirados é um
diretor sempre capaz de surpreender, encantar e/ou perturbar sua plateia.
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