sexta-feira, agosto 19, 2016

Mister Lonely, de Harmony Korine ***

O diretor Harmony Korine é uma espécie de cronista da podridão da sociedade norte-americana. Seus filmes representam crônicas distorcida do american way of life. Dentro de uma estética que privilegia o estranho e o mau gosto, mas que esconde uma abordagem formal sofisticada e um subtexto entre o poético e o libertário, destacam-se em sua filmografia pelo menos duas obras extraordinárias: “Gummo” (1997) e “Spring Breakers” (2012). “Mister Lonely” (2007) não atinge o mesmo grau de impacto artístico das produções mencionadas, mas ainda assim é capaz de impressionar em algumas sequências pela esquisitice de sua trama e força das imagens, mostrando que Korine tem uma forte coerência autoral na forma com que expõe suas obsessões existenciais e estéticas. Numa sociedade como a norte-americana/ocidental que tem uma certa obsessão mórbida com celebridades mortas e/ou trágicas, faz todo sentido Korine mostrar uma história composta basicamente por indivíduos que vivem de imitar tais celebridades. A simbologia presente no roteiro é intrincada, e dentro de uma narrativa fragmentada, parecem compor um painel onírico entre o desconcertante e o desengonçado. Ainda que irregular como resultado final, “Mister Lonely” é a prova de que Korine mesmo em seus momentos menos inspirados é um diretor sempre capaz de surpreender, encantar e/ou perturbar sua plateia.

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