Durante boa parte de sua carreira, o diretor britânico Tony
Scott foi acusado de vídeo-clipeiro, cineasta comercial ou de mero profissional
tarefeiro de Hollywood. O passar dos anos, entretanto, permitiu uma revisão
mais sensata por parte de público e crítica e se pode constatar que ele foi um
dos grandes profissionais do gênero cinema de ação das últimas décadas. Claro
que não era sempre que ele acertava a mão, mas quando tudo dava certo saíam
algumas obras antológicas: “Fome de viver” (1983), “O último boy scout” (1991),
“Amor à queima-roupa” (1993), “Chamas da vingança” (2004), “Deja vu” (2006). Na
linha de filmes memoráveis também dá para colocar “Dias de trovão” (1990). A
partir de um roteiro simples envolvendo pilotos de stock car e de alguns
clichês narrativos, Scott se esbalda em algumas ótimas cenas de corridas, além
de construir uma convincente atmosfera casca-grossa a exaltar a virilidade e
coragem dos corredores. É interessante observar que alguns elementos formais
contextualizam bem a época em que a produção foi realizada – nas sequências de
provas de stock car não se recorrem a truques digitais, a fotografia estilizada
remete ao realismo “neon” típico dos anos 80. Tais truques estéticos podem
parecer datados, mas também é inegável que ainda guardam uma parte considerável
de seu charme e impacto sensorial.
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