segunda-feira, agosto 08, 2016

Mostre a língua, moça, de Axelle Ropert ***

Em um primeiro plano narrativo, “Mostre a língua, moça” (2012) aparenta ser um melodrama convencional, com uma trama centrada em um triângulo amoroso envolvendo dois irmãos médicos e uma bela mãe solteira com uma filha diabética. O que faz a real diferença nessa produção francesa dirigida por Axelle Ropert para que ela se torne uma experiência cinematográfica memorável é um formalismo atípico, num misto de rigor emocional na caracterização psicológica de situações e personagens e encenação que evoca uma estranha solenidade, quase como se fosse um filme de época. Alguns momentos do roteiro e uma certa fluência da narrativa sugerem uma atmosfera de ironia, ainda que um tanto amarga. Na tradição de uma linhagem do cinema francês, não é um filme que invista num arrebatamento sensorial, mas sim numa contida e coerente construção de suas figuras em cena, numa ambientação que sugere algo como um velho conto de costumes e em uma particular e cerebral estética.

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