O formalismo adotado pela diretora Ida Panahandeh em “Nahid –
Amor e liberdade” (2014) é marcado pela sobriedade e simplicidade, não havendo
as inquietações estéticas de outros nomes do cinema iraniano Abbas Kiarostami e
Jafar Panahi. Por outro lado, essa abordagem da cineasta acaba se revelando
bastante adequada para a história narrada. Focando-se em um drama familiar que
se estende por questões sociais e religiosas inerentes ao Irã da atualidade, o
filme apresenta uma encenação precisa que dispensa truques melodramáticos,
fazendo com que a caraterização de situações e personagens tragam crueza e
complexidade necessárias para que a narrativa se torne envolvente para o
espectador. As questões intimistas e mesmo as típicas do cotidiano ganham uma
dimensão humana contundente, não caindo no banal. A forma com que Pananhandeh
conduz a narrativa dá à sua obra um alcance universal ao evidenciar os absurdos
e hipocrisias de uma sociedade patriarcal moralista e preconceituosa que não é “privilégio”
somente de países influenciados pela religião muçulmana.
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