segunda-feira, agosto 29, 2016

Na ventania, de Martti Helde ***

O grande atrativo da produção estoniana “Na ventania” (2014) este no recurso estético da combinação de uma encenação “estática” por parte de atores e uma direção de fotografia que se desenvolve em longos planos-sequência, dando a impressão ao espectador de estar assistindo a uma narrativa formada por um encadeamento de “quadros vivos” com sutis variações de movimento. Tal formalismo revela um grau forte de ousadia e por vezes seduz pela beleza plástica de algumas tomadas. É de se considerar que esse estilo adotado pelo cineasta Martti Helde não se resume somente ao exercício de experimentação de linguagem, guardando uma sintonia existencial com a própria temática da obra. A trama conta a história real de uma mulher que vê sua família se desintegrar ao serem mandados pela União Soviética para campos de trabalhos forçados na Sibéria e lá ela passa por uma série de privações. A sacada narrativa é de que o imobilismo cênico dos personagens estaria ligado ao sentimento de impotência do indivíduo diante da fúria opressiva do Estado. Ocorre, entretanto, que a aposta contínua em tal fórmula artística por vezes também é capaz de causar um certo enfado pela repetição, além do fato do roteiro apostar num convencionalismo melodramático excessivo em algumas passagens.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Corre o risco de ser um dos melhores filmes que passou por aqui.