Assim como em outras adaptações para as telas de obras dos
quadrinhos dirigidas por Zack Snyder, a impressão que se tem ao se assistir à “Batman
vs Superman – A origem da justiça” (2016) é a de alguém que nunca leu uma HQ na
vida, folheou apressadamente algumas histórias clássicas e emblemáticas do
gênero e socou de qualquer jeito citações e referências do material que leu
dentro de um roteiro. Por vezes, até dá para perceber algumas boas ideias
absorvidas nessa pesquisa, mas quase todas elas não são muito mal aproveitadas
e executadas. Não se trata apenas de uma questão de ter uma fidelidade ipsis
literis na transposição daquilo que está nos quadrinhos para uma produção
cinematográfica, mas simplesmente entender aquilo que torna único e carismático
toda uma série de personagens e mesmo o contexto que os envolvem, ou seja,
aquilo que os torna atraente de maneira perene por todas essas décadas de
existência. Por mais que Snyder queira dar uma aura adulta e profunda dentro de
sua abordagem pretensamente sombria e solene, a caracterização de personagens e
situações é rasteira e de pouca densidade psicológica, caindo por vezes no
francamente ridículo (nesse sentido, tudo em “Batman vs Superman” é tão
grotesco que em alguns momentos a obra consegue até ser divertida...). Dessa
forma, Batman (Ben Affleck) fica reduzido a um brutamontes impulsivo e
francamente homicida, Superman (Cavill) é destituído de carisma e Lex Luthor
(Jesse Eisenberg) é apenas um garoto debilóide e mimado. Já o roteiro é um
cozido mal ajambrado de chupações sem critérios de sagas marcantes das HQs como
“O cavaleiro das trevas” e “A morte de Superman”. Para compensar essa falta de
consistência existencial, Snyder usa e abusa de explosões e porradarias
diversas, mas tudo dirigido de forma tão genérica e despersonalizada que faz
com que praticamente nenhuma cena traga algo de memorável para o imaginário do
espectador. Do jeito que ficou, “Batman vs Superman” parece ser apenas um mero
pretexto mercadológico para que no futuro saia um filme da Liga da Justiça
(afinal, como explicar as participações estapafúrdias de Flash e Ciborgue na
trama?). Quem sabe até lá Snyder tenha uma epifania e aprenda a dirigir um
filme. Ou mesmo o estúdio tenha alguma iluminação e bote um cineasta com algum
talento para se responsabilizar pela produção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário