quinta-feira, março 31, 2016

Cadillac Records, de Darnell Martin **1/2

A história da Chess Records é bastante emblemática da importância e influência da música negra-norte americana no século XX. Entre as décadas de 40 e 60, a gravadora ajudou a lançar nomes fundamentais do blues elétrico e do rock and roll (Muddy Waters, Little Walter, Etta James, Howlin’ Wolf, Chuck Berry), ajudando a tirar tais gêneros do rótulo preconceituoso de “race music” e universalizando seu público. Ao mesmo tempo, entretanto, reproduziu modelos de exploração econômica típicos da época – o dono da gravadora, o judeu branco Leonard Chess (Adrien Brody), ficou com boa parte dos lucros originários da arte de seus principais músicos negros. A complexidade dessa história e o poder cru e selvagem das canções e interpretações de tais artistas não encontram um tratamento de igual profundidade e interesse em “Cadillac Records” (2008). A abordagem do diretor Darnell Martin é superficial e convencional em demasia, com os principais eventos dramáticos da trama tendo uma encenação pouco inspirada e digna de uma novela televisiva. Faltou maiores ousadia e traquejo para conseguir traduzir a música sexy e violentamente rítmica dos músicos da Chess num conjunto imagético igualmente estimulante. Para aqueles que gostam de Waters e companhia e mesmo para outros que desconhecem esse rico acervo de sedutores ritmos e melodias e poderosas interpretações até vale assistir a “Cadillac Records” como um passatempo razoavelmente instrutivo e com alguns momentos prazerosos (mais “por culpa” da matéria bruta musical, diga-se de passagem...). No mais, o filme de Martin dá uma constante impressão de frustração.

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