Recentemente, o cineasta britânico Peter Greenaway deu uma
declaração bem contundente sobre o atual estado criativo do cinema: “o cinema
está exausto de si”. Por mais que tal afirmação possa ser polêmica ou
discutível, ao se assistir a uma obra como “Labirinto de mentiras” (2014) dá
para entender o desencanto de Greenaway, pois o filme em questão do diretor
Giulio Ricciarelli é de uma irrelevância artística espantosa. Clichês
narrativos são jogados em cena de forma nada imaginativa – não há uma única
sequência que sugira alguma transcendência estética ou mesmo temática. A
encenação é engessada e artificial em excesso, faltando profundidade e alguma
verdade na caracterização de situações e personagens. O fato da temática se
relacionar ao Holocausto é usado como uma espécie de carta branca para
Ricciarelli a lhe dar uma pretensa legitimidade para não ousar um milímetro
sequer no seu formalismo dolorosamente óbvio. Na cabeça do diretor, é provável
que passe a ideia de que em produções sobre a 2ª Guerra Mundial não é possível
injetar vigor e criatividade, devendo prevalecer uma equivocada e hipócrita
abordagem solene e maniqueísta sobre os fatos históricos. A precisa ação
alucinada de “O resgate do soldado Ryan” (1998), a ironia perversa de “Bastardos
inglórios” (2009) e mesmo o elegante humanismo de “Diplomacia” (2014) são
desmentidos enfáticos das concepções conformistas e medíocres de “Labirinto de
mentiras”.
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