Em relação ao filme que deu origem a série de 2013, “Invocação
do mal 2” (2016) apresenta uma evolução considerável. Os excessos de
virtuosismos formais e a narrativa de talhe mais tradicional conseguem se
equacionar de maneira mais orgânica – ao invés de meros exibicionismos técnicos,
tais detalhes conseguem acrescentar tensão e interesse para a trama. Na
realidade, o trabalho estético do diretor James Wan consegue dar um passo além
nesse novo capítulo da saga sobrenatural. É de se reparar, por exemplo, como o
trabalho de direção de arte se mostra criativo e de forte impacto imagético ao
reconstituir uma ambientação proletária da Londres de final dos anos 70. Tal
concepção não é meramente decorativa, pois torna mais crível o cotidiano da
família de origem humilde que é assombrada numa casa típica de classe operária.
Essa sutil nuance social caracteriza da maneira contundente a estrutura
clássica dessa vertente do horror – a do mal que irrompe de dentro de uma
residência familiar e que espelha aquilo que é disfuncional e conflitante naquele
microcosmo. O filme se desenvolver a partir dos mencionados clichês narrativos
e temáticos, mas o faz com propriedade e sobriedade, além dos elementos “setentistas”
criarem uma estranha atmosfera misto de sentimental e gótica (é só observar
como a canção “Can’t help falling in love” na célebre versão interpretada por
Elvis Presley se insere em momentos chaves da trama). Mesmo o roteiro de “Invocação
do mal 2” é bem resolvido e traz algumas soluções surpreendentes e efetivamente
assustadoras, ainda que trabalhe naquela fórmula variante de “O exorcista”
(1973). No final das contas, não é nada que vá revolucionar o gênero, mas
mostra evolução considerável de James Wan e cria expectativa positiva para um
novo capítulo da série.
Um comentário:
Melhor do que o primeiro, muito embora o final peque por ser previsível demais.
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