terça-feira, junho 14, 2016

Invocação do mal 2, de James Wan ***

Em relação ao filme que deu origem a série de 2013, “Invocação do mal 2” (2016) apresenta uma evolução considerável. Os excessos de virtuosismos formais e a narrativa de talhe mais tradicional conseguem se equacionar de maneira mais orgânica – ao invés de meros exibicionismos técnicos, tais detalhes conseguem acrescentar tensão e interesse para a trama. Na realidade, o trabalho estético do diretor James Wan consegue dar um passo além nesse novo capítulo da saga sobrenatural. É de se reparar, por exemplo, como o trabalho de direção de arte se mostra criativo e de forte impacto imagético ao reconstituir uma ambientação proletária da Londres de final dos anos 70. Tal concepção não é meramente decorativa, pois torna mais crível o cotidiano da família de origem humilde que é assombrada numa casa típica de classe operária. Essa sutil nuance social caracteriza da maneira contundente a estrutura clássica dessa vertente do horror – a do mal que irrompe de dentro de uma residência familiar e que espelha aquilo que é disfuncional e conflitante naquele microcosmo. O filme se desenvolver a partir dos mencionados clichês narrativos e temáticos, mas o faz com propriedade e sobriedade, além dos elementos “setentistas” criarem uma estranha atmosfera misto de sentimental e gótica (é só observar como a canção “Can’t help falling in love” na célebre versão interpretada por Elvis Presley se insere em momentos chaves da trama). Mesmo o roteiro de “Invocação do mal 2” é bem resolvido e traz algumas soluções surpreendentes e efetivamente assustadoras, ainda que trabalhe naquela fórmula variante de “O exorcista” (1973). No final das contas, não é nada que vá revolucionar o gênero, mas mostra evolução considerável de James Wan e cria expectativa positiva para um novo capítulo da série.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Melhor do que o primeiro, muito embora o final peque por ser previsível demais.