quarta-feira, junho 08, 2016

X-Men: Apocalipse, de Bryan Singer **

“Primeira classe” (2011) e “Dias de um futuro esquecido” (2014) foram obras que apresentaram uma síntese narrativa e soluções dramáticas que deram uma expressiva arejada para a franquia “X-Men” nos cinemas, depois do frustrante “O confronto final” (2006), principalmente por quesitos como a preservação da essência de personagens e situações originários das HQs originais, marcantes cenas de ação, concisão narrativa e roteiros enxutos e coerentes. Essa receita pode até parecer simples, mas foi executada com notável eficiência, respectivamente, pelos diretores Matthew Vaughn e Bryan Singer. No novo capítulo da saga dos mutantes no cinema, “Apocalipse” (2016), Singer dá prosseguimento ao seu trabalho de direção, mas parece esquecer as qualidades dos filmes anteriores. É uma obra espalhafatosa, melodramática em excesso, com sequências dispensáveis e diálogos autoexplicativos em demasia. A obra a todo momento parece buscar uma grandeza épica e sombria, mas nunca consegue justificar tal pretensão em função de uma encenação truncada e sem naturalidade e de um roteiro pueril que mesmo o nerd ou geek mais fanático e sem critérios dificilmente conseguiria engolir. Se era tão fácil para a Jean Grey (Sophie Turker) usar a Força Fênix, por que não fez isso desde o início para dar um fim no vilão Apocalipse (Oscar Isaac)? Magneto (Michael Fassbender) mata dezenas de pessoas à sangue frio, e depois se arrepende com facilidade e ninguém dos X-Men pensa em levá-lo às autoridades, ignorando as latentes tendências homicidas do vilão? A caracterização dos personagens também deixa muito a desejar: o professor Xavier (James McAvoy) e Mística (Jennifer Lawrence) passam boa parte da trama disparando discursos ingênuos e edificantes, Magneto (Michael Fassbender) é um mero imbecil facilmente manipulável, Mercúrio (Evan Peters) dá a impressão de ter saído de um episódio de “Os trapalhões”, o pretensamente temível Apocalipse tem imponência nula. Na verdade, a noção geral que se tem ao assistir a “Apocalipse” é a de uma obra feita às pressas e sem muito critérios, a fim de levantar um lucro fácil sob o pretexto de que quem gosta de filmes de super-heróis não deve ser muito exigente.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Pegou pesado. Ao meu ver o filme poderia ter sido pior, mas diverti e encerra essa segunda trilogia com certa dignidade.